quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Fiz-me poeta

Fiz-me poeta

De olhos fechados consigo sentir,
Da melhor maneira possível.
O inexplicável ou sem sentido,
À flor da pele, explosivo!

"Poetas não amam, ou não sabem fazê-lo".
Bobagem, amar não segue um protocolo.
Olhe bem, até mesmo um bêbado
Sabe pedir ou oferecer o seu colo.

Há tantas coisas e tantos caminhos,
Mas é tão difícil encontrar um só lugar...
É como um estranho em busca do seu ninho,
Escondendo a dor de seu breve respirar.

Não sei de tudo, e nem hei de saber.
Não quero ser a dona da verdade.
Isso nem existe, mas pode parecer.
Eu só ando em busca de liberdade.

As palavras gritam em meu caderno,
E giram em minha mente, desconexas.
O que elas dizem torna-se eterno,
Mostrando-se ou não complexas.

Procuro, procuro, mas procuro em círculos.
A confusão me enche e me afeta.
Parecem beber veneno líquido,
Enquanto me escutam dizer: fiz-me poeta.

Abstrato

Abstrato

É tudo. É nada. Ou um pouco de cada. É dia, mas quem sabe talvez seja noite. É tarde, ou talvez cedo demais. É ótimo. Não, pode ser muito ruim. Sou eu. É você. Nós dois juntos. Ou não. É longe, ou perto demais. Foi ontem, ou será o hoje? É o destino. São apenas atitudes. Talvez não sejam atitudes. Palavras ao vento. Silêncio. É maldade, ou bondade. É certo. É errado. É certo e errado. Ou não há de ser nenhum dos dois. É quente. Não, é frio. É quente com o gelo. Frio como o fogo. Isso existe? Ou não? O que existe ou deixa de existir? É ponto final. É início. É meio. Não tem história. É vírgula. Não, esqueça a pontuação. É belo. É ridículo. É absurdo, questionável. É. É. É. Acho que não é. O que é ser? É imaginação. São mentiras. No que acreditar? São eles. Somos nós. Não, não. É calmo. Não, é avassalador. É sentimento. Ou não, pode ser mentira. É tristeza. Não, é felicidade. O que é o que é? O que não é do que já dizem ser? O que deixou de ser? É tempo. Ah!, é perca de tempo. Sou hoje. Fui ontem. Serei amanhã. Ou fui amanhã e serei ontem. Ou não sou. Eu acredito. Talvez não devesse acreditar. Eu desacredito. No que devo me basear? É certeza. Não, é incerteza. Eu amo. Quem sabe me engano. É vida. É morte. É vida após a morte. É a morte antes da vida. É velho. É novo. É velho e novo. É agora mas já foi antes. Será mesmo já sendo. É concreto. Agora é abstrato. Já foi abstrato e virou concreto. De tão concreto tornou-se abstrato. É utopia. Não, eu posso chegar lá. Eu não posso chegar lá, eu já estou lá. Na verdade estou aqui. Que antes foi lá. Agora estou cá e acolá. Não pode. Claro que pode! É razão. É coração. É não sendo. É sendo, mas não o é.

Platéia

Platéia

A dor entorpece o ser,
Nada dura para sempre.
Ai, que pobre homem!, vê?
Sequer consegue seguir em frente.

"É o fim", repete para si mesmo.
Ao seu redor ninguém escuta.
Resta escrever, quem sabe um texto,
Mostrando a morte como uma solução não-estúpida.

Os motivos são íntimos, pessoais,
Mas quer mostrar que está sofrendo.
O que é isso? Anseia por paz?
É por isso que o vejo correndo?

Não adianta tentar chamar atenção,
Veja, fecharam-se as cortinas, que dó!
A dor compartilhada não foi não.
Pois era platéia composta de um homem só.